sábado, 30 de setembro de 2023

LILITH

    Olá pessoal! Na edição #27 desse mês da revista digital OCCULT POP falei sobre a entidade conhecida como Lilith. 

   De fato existem muitas informações interpretadas de maneira equivocada sobre Lilith, e o melhor livro que eu recomendo sobre é "O Livro de Lilith" de Barbara Black Kultov. Uma das interpretações equivocadas sobre Lilith é que seria uma "deusa do sexo" o que não está exato, existem diversas entidades e deusas pagãns da Antiguidade que se enquadrariam nesse papel. Outra interpretação equivocada é que Lilith seria um "demônio", isso está apenas parcialmente correto, pois, Lilith está mais para um arquétipo universal do que para um demônio. 

   Algumas "bacias de encantamento" são desenterradas por arqueólogos na região antigamente chamada Mesopotâmia que hoje em dia corresponde ao território do Iraque. Essas bacias são datadas de meados do ano 600 d.C. escritas com letras hebraicas no idioma aramaico, eram feitas sob encomenda de alguns especialistas que gravavam o texto em bacias de argila fresca e enterravam na soleira das portas dos clientes. Algumas continham inscrições pedindo bons negócios para o cliente comerciante, pedindo boa sorte, e pedindo proteção contra demônios para os moradores da casa. Era muito comum algumas dessas bacias conterem inscrições de encantamentos contra Lilith. Isso é previsível, pois a sociedade que produziu tais "itens mágicos" era uma sociedade majoritariamente patriarcal composta por judeus e árabes, e para uma sociedade patriarcal Lilith é uma grande ameaça pois ela representa a mulher sexualmente livre (diferente das esposas de casamentos comuns) e também porque representa o caos, a força caótica e por vezes destrutiva que não se pode controlar. Veja alguns exemplos de bacias de encantamento daquela época exposta em museus nas quais entre outras coisas se pede proteção contra os malefícios de Lilith e na qual ela é retratada de maneira enfraquecida no centro:


 

    Outra interpretação não muito correta é a que diz que Lilith foi a "primeira" mulher de Adão antes de Eva. Esse tipo de narrativa aparece no Zohar e no folclore judaico em geral mas não na Bíblia. O cerreto seria interpretar que Lilith foi o primeiro arquétipo de parceira sexual feminina, e não primeira mulher. 

   Os grandes mestres recomendam assimilar de maneira consciente o arquétipo de Lilith e não tentar eliminar o que levaria a desvios de sexualidade ainda piores. Aspectos desse arquétipo universal foram interpretados por várias mulheres na história, uma delas foi a feiticeira Circe retratada na Odisseia. Nessa narrativa grega Circe era uma feiticeira que após fazer sexo com seus amantes oferecia a eles uma bebida (ciceon-um tipo de cerveja rústica da Grécia Antiga) na qual havia colocado sua porção misturada e ao beber seus ex-amantes se transformavam em animais, formando assim um tipo de zoológico bizarro. Por incrível que pareça há evidências de que Circe realmente existiu ou foi baseada em uma personagem real. Não apenas isso, como também existem narrativas semelhantes de feiticeiras da tradição árabe retratadas nas Mil e Uma Noites cujo comportamento era igual transformando ex-amantes em animais, falei sobre isso na edição #10 da revista OCCULT POP de título "REFERÊNCIAS A BRUXAS NAS MIL E UMA NOITES". Uma pintura representando Circe:


   Lilith é um arquétipo que merecia um estudo bem mais aprofundado e um livro inteiro de pesquisa, mas, nessa edição eu procurei pontuar alguns elementos pouco ou mal interpretados sobre Lilith de forma resumida. A quem tem interesse assine a revista OCCULT POP ZINE, todo mês uma edição nova entrando em contato comigo pelo e-mail: ricardodiasoccultpop@gmail.com